COMO AS FAKE NEWS PREJUDICAM OS NEGÓCIOS

Suely Temporal

Atualizando a máxima de que nenhuma organização é imune à crise, podemos dizer que hoje em dia nenhuma organização está imune às notícias falsas. O fenômeno das fake news está entre nós! E como ele prejudica a sua empresa, os seus negócios? A resposta é simples. O compartilhamento de notícias falsas atinge a reputação do negócio ou da empresa, consequentemente isso afeta receitas, lucros, participação de mercado, valor de ações, a marca e até mesmo pode ameaçar a sobrevivência da empresa.

Por isso fenômeno vem ocupando cada vez mais o tempo e as mentes dos gestores e de profissionais de assessoria de imprensa e comunicação corporativa que atuam nas empresas. Se se de um lado ainda não se descobriu uma forma de prevenir que alguém crie e dissemine uma notícia falsa sobre a sua empresa, por outro lado, o tempo que se gasta para desmentir uma notícia falsa ou fazer com que ela pare de se propagar é cada vez maior. Até mesmo o Papa Francisco já foi vítima desse fenômeno e a assessoria de imprensa do Vaticano teve que se mobilizar para estancar a disseminação de um texto que estava sendo velozmente compartilhado através do aplicativo de mensagens WhatsApp.

O texto falsamente atribuído ao Papa Francisco continha alguns conselhos verossímeis que muito bem poderiam ter sido dados pelo Papa, mas não havia sido escrito por Sua Santidade. (https://pt.aleteia.org/2017/04/24/suposto-texto-do-papa-no-whatsapp-e-falso/). E é justamente pela verossimilhança que as fake news são tão perigosas. Por isso, muitas empresas e até mesmo o Facebook estão também trabalhando no combate às fake news, através da conscientização seus usuários.

O WhatsApp nosso de cada dia

Uma recente pesquisa feita pelo feita pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP (Universidade de São Paulo) identificou os grupos de família como principal vetor de notícias falsas no WhatsApp. Como não tem um caráter público, esse aplicativo de mensagens bastante popular no Brasil, apresenta maior dificuldade para rastrear as fake news e avaliar o seu alcance.

Mas os efeitos negativos das fake news nos grupos de WhatsApp já são sentidos pelas empresas quando se divulgam mensagens com textos, áudios e até mesmo vídeos recomendando que as pessoas deixem de frequentar determinado shopping ou supermercado por terem ouvido histórias tenebrosas de pessoas que foram sequestradas ou assaltadas nesses estabelecimentos sem comprovação de que o fato tenha realmente ocorrido naquele local citado. Na dúvida, a pessoa repassa a informação adiante.

Também existem casos em que a notícia falsa não é exatamente negativa, mas gera prejuízo como divulgação de falsas promoções em lojas e supermercados. Esse tipo de divulgação espontânea pode criar tumulto, correria e o pior: frustração e raiva por parte do consumidor. Mas nem tudo está perdido. No mundo das fake news, nunca se precisou tanto da chamada imprensa tradicional. E quando eu falo imprensa tradicional, não me refiro apenas aquela que é impressa em papel. Refiro-me também à sites, blogs ou portais que tenham procedência.

Para saber que uma notícia é falsa procure saber: você conhece o site que publicou a notícia? A notícia tem comprovação de data e local? O texto está assinado por quem? Se nada disso for suficiente, existem alguns sites da internet que podem ajudar: www.boatos.orghttps://www.tecmundo.com.br/internet/127696-descobrir-noticias-internet-verdadeiras-falsas.htm e inclusive o próprio Google.

 

 

Empresas no Brasil estão barrichelando na internet

Um novo verbo vem sendo usado para definir o ato de comentar coisas por último ou que todo mundo já sabe: barrichelar (pronuncia-se barriquelar). Numa referência pejorativa ao piloto Rubens Barrichello, que virou ‘meme’ na internet (se você ainda não sabe o que é meme, pare de ler este artigo agora). Voltando ao neologismo barrichelar, inclusive, nesse momento, posso estar barrichelando. Ou seja, dizendo algo que todo mundo está cansado de saber. Afinal, na internet é tudo cada vez mais rápido.

Vivemos numa época em que não existem mais segredos e onde nada é mais novidade para ninguém. Sendo assim, contar uma história nova que ninguém nunca ouviu é um desafio cada vez mais inalcançável até mesmo para a ficção. A impressão que se tem é de que tudo já foi dito e divulgado à exaustão porque sempre que alguém abre a boca para tentar contar uma novidade vem outra pessoa e diz: isso é velho! Mesmo que estejamos falando de algo que acabou de acontecer.

Não é pra menos, enquanto você lê este texto, mais de 1,23 bilhão de pessoas no mundo estão postando toneladas de bits de informações em forma de vídeos, fotos, textos, etc, isso apenas no Facebook. Isso sem contar as curtidas (likes) dos posts, os comentários e os comentários dos comentários. Quem nunca passou pelo constrangimento de estar contando uma “notícia velha” levanta a mão o/. Quando se trata de profissionais da informação, da notícia, esse constrangimento beira o absurdo. A necessidade de ser cada vez mais veloz tem matado muita gente antes da hora. Mas a maior vítima desse excesso de velocidade no qual a informação anda viajando é, sem dúvida, a credibilidade. Na ânsia de sair na frente, contar primeiro, muitas notícias são dadas com “defeito de fabricação”, cabendo ao leitor a tarefa de checar a veracidade dos fatos porque muitas vezes nada é o que se parece ser.

Em contrapartida, um levantamento recente realizado pela agência de relações públicas Imagem Corporativa, publicado esta semana pelo jornal O Estado de S. Paulo, aponta que as salas de imprensa dos sites das empresas brasileiras têm pouco a dizer. De acordo com o estudo – que analisou sites das 100 maiores empresas brasileiras – o leitor pode entrar e sair dessa seção no site sem ter acesso a informações básicas sobre as companhias. Das 100 salas de imprensa analisadas, apenas 63 traziam contatos telefônicos dos responsáveis pelo atendimento à mídia.

A pesquisa também detectou que 44% das empresas incluídas no levantamento fazem menos de uma atualização por mês das informações contidas na sala de imprensa dos seus sites. Isso quer dizer que, se a pessoa estiver em busca de informações recentes sobre as corporações, não irá encontrá-las na seção dedicada a informações para a imprensa, o que é uma contradição, para dizer o mínimo.

De acordo com o estudo, apenas 4% das empresas pesquisadas atualizam diariamente as salas de imprensa dos seus sites. Para usar a expressão que iniciou este artigo, podemos concluir que empresas brasileiras estão “barrichelando” quando se trata de comunicar suas notícias e histórias relevantes nos seus sites.

Artigo publicado no na edição do dia 06/08/2014 do jornal Correio.